É grande a relevância do governo das empresas (ou, mais amplamente, das organizações, públicas e privadas) para os trabalhadores e respetivos interesses, bem como é enorme a relevância para as organizações e seu governo destes últimos. Os instrumentos de hard e soft law têm reconhecido, e justamente, esta realidade pelo mundo fora. E, especialmente em certas jurisdições (como é o caso da alemã), os trabalhadores gozam mesmo obrigatoriamente de representação em órgãos societários. Por outro lado, os trabalhadores, na sua vertente de aforradores e beneficiários de fundos de pensões, podem assumir, através dos seus representantes, um papel muitas vezes decisivo em matérias cruciais da vida das empresas; a este propósito, vide as interessantes guidelines publicadas pelo TUC (Trade Union Congress) em 26 de março deste ano, disponíveis em: http://www.tuc.org.uk/tucfiles/557/TUC_Trade_Union_Voting_and_Engagement_Guidelines_March_2013.pdf
A relevância dos trabalhadores e das suas estruturas representativas é, portanto, por demais importante e reconhecida. Curiosamente, contudo, o estudo sistemático da organização de algumas dessas estruturas (sindicatos, outros) à luz dos cânones científicos do governo das organizações, sem prejuízo das especificidades daquelas estruturas, parece ainda estar em grande medida por fazer, e não apenas entre nós. Talvez seja tempo de analisar a implementação de certos princípios.
Escrito por Hugo Moredo Santos / Orlando Vogler Guiné