Governance como critério de felicidade

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Continuam a florescer os estudos sobre a ciência da felicidade. O documento de referência mais recente é o primeiro World Happiness Report, editado por John Helliwell, Richard Layard e Jeffrey Sachs sob a chancela das Nações Unidas e do Earth Institute da Columbia University de New York. Este documento procura desenvolver e afinar o conceito de GNH (Gross National Happiness), em substituição dos índices tradicionais de desenvolvimento (GNP e outros). Neste exercício, o documento elenca a boa governação como critério de felicidade – a par de nove outros indicadores, a saber: bem-estar psicológico, saúde, utilização do tempo, educação, diversidade e resiliência cultural, vitalidade comunitária, diversidade e resiliência ecológica e padrões de vida. Por seu turno, segundo este relatório os indicadores de boa governação (aqui tida de modo restrito como the ability of society to act collectively through truly participatory political institutions) centram-se na governação pública – medida aqui pelo desempenho do governo, pelos direitos fundamentais, pela qualidade dos serviços básicos (saúde, recolha de lixo, electricidade e água) e pela qualidade de participação política. Estes critérios fundam um índice mundial de felicidade, o qual por seu turno estrutura uma hierarquização de países, dominado por países do norte da Europa – Dinamarca, Finlândia, Noruega e Holanda. Nesta tabela, Portugal figura em 73.º lugar, atrás nomeadamente do Kazaquistão e do Vietnam.

Apesar de ser um primeiro relatório – o que justifica alguma condescendência por parte da comunidade de leitores -, trata-se sem dúvida de um documento que merece um desenvolvimento mais granular para o futuro, designadamente na destrinça dos critérios de boa governação, onde não devem estar ausentes os indicadores de bom governo de instituições privadas, de que também depende em estreita medida o nosso desenvolvimento e bem-estar.